Para crianças, a motivação é uma importante variável para a tomada de decisões melhores. É o que afirma pesquisa divulgada pela Frontiers in Psychology (The Motivational Aspect of Children’s Delayed Gratification: Values and Decision Making in Middle Childhood (nih.gov)).
O estudo, que avaliou o processo de tomada de decisões de 205 crianças de 7 anos de idade e diferentes condições sociais, mostrou que a capacidade projetar o futuro que gostariam para elas mesmas as ajudou a tomar decisões que ofereciam melhores recompensas futuras, em vez de satisfação imediata.
Para identificar a influência da motivação em conquistar os melhores resultados, as crianças escolheram primeiramente o que elas desejariam para o futuro. Elas poderiam escolher uma entre 20 imagens com legendas que traduziam as escolhas. Era possível escolher, por exemplo, entre “Estar Seguro” e “ Ser o Melhor”.
Depois, elas participaram de um jogo de escolhas. Nele, a criança tinha de ajudar a libertar uma cidade batendo no mago do mal, que tirou todas as cores da cidade antes do festival, e deixou todos tristes.
Para alcançar esse objetivo e libertar a cidade, a criança tinha de coletar o maior número possível de pedras preciosas. Coletar e usar pedras preciosas ao longo do caminho exigiu a tomada de 23 decisões que simulavam situações de ganho ou perda econômica.
Durante o jogo, entre outras decisões, houve três decisões que mediram o quanto a criança estava disposta a retardar a gratificação das escolhas. Nessas decisões, uma bruxa, um leão ou uma tartaruga ofereceram à criança a possibilidade de escolher entre uma pequena recompensa imediata ou uma recompensa maior que seria entregue depois. O tempo em receber a recompensa não foi informado à criança.
Ao cruzar os dados, os pesquisadores chegaram à conclusão que o tipo de motivação influenciou no processo de escolha e instigou crianças a optarem por escolhas que lhes deram mais vantagens para conquistar seus objetivos.
Na história “O Segredo de Paulo”, que faz parte da coletânea “Noites com Letras”, estes dois temas (autoaprimoramento e recompensa) são abordados e devem ser lidos como material complementar para estimular crianças a fazer escolhas melhores.
Portanto, é muito importante que a criança seja estimulada a desenvolver um hábito saudável, que a ajudará a conquistar seus sonhos no futuro.
Hábitos são rotinas automatizadas pelo encéfalo com o objetivo de economizar tempo e energia gastos no processamento das informações. Assim, todas as vezes em que a pessoa se depara com uma tarefa repetitiva e vantajosa, o cérebro automatiza as tomadas de decisões, retirando o esforço necessário para avaliação de todas as possibilidades.
E existem hábitos bons e ruins, dependendo, claro, dos estímulos e recompensas conectadas a ele.
Portanto, estimular a criança a construir bons hábitos pode ser muito vantajoso para ela, principalmente, na fase adulta, quando os hábitos estiverem sedimentados.
Para incentivar a criação de bons hábitos, é importante saber como eles funcionam.
De acordo com Wolfram Schultz, neurocientista e professor da University of Cambridge, os hábitos surgem a partir de recompensas obtidas depois que se realiza determinada tarefa.
Assim, a criação de hábitos saudáveis estará diretamente conectada ao tipo de recompensa obtida pela criança.
As recompensam podem ser um elogio, um abraço, um pedaço de chocolate, enfim, qualquer coisa que a criança queira e gere satisfação ao obter.
Portanto, o foco dos pais deve ser estimular adequadamente a criação dos bons hábitos, que podem ser a leitura de bons livros, arrumar a cama, estudar alguma disciplina da escola etc.
Segundo ele, para que o hábito se estabeleça, é importante repetri a rotina de premiação do comportamento por aproximadamente 30 dias.
Feito isso, os gatilhos mentais deverão serem criados e a criança passe a ter bons hábitos como fatores que vão impulsionar seu comportamento proativo e direcionado para a realização dos seus sonhos.
Entre as pessoas que relatam como os bons hábitos ajudaram a sua vida, temos Michael Phelps (recordista mundial de natação), Howard Schultz (criador da Starbucks, empresa mundialmente reconhecida); Michael Jordan (considerado o melhor jogador de basquete de todos os tempos); e Warren Buffet (um dos investidores em mercado de ações mais bem sucedido do mundo), entre outros.
Em suas biografias, livros ou entrevistas, todos eles relatam como bons hábitos foram o diferencial para que eles tomassem decisões melhores ao longo da vida, decisões estas que os levaram a conquistar o que desejavam na vida.