Os especialistas parecem ainda estarem longe de um consenso sobre os efeitos positivos e negativos das redes sociais em crianças crianças e jovens.
De um lado, há diversos estudos que apontam as redes sociais como maléficas para o cérebro humano.
A principal razão para isso estaria no exacerbado funcionamento dos algoritmos de recompensas que motivam produtores e consumidores de conteúdo a procurar sempre a novidade, o que estimula em demasia o sistema de recompensas emocionais do cérebro humano.
Este processo é o conhecido como FOMO (Fear Of Missing Out) – traduzindo livremente: Medo de Ficar de Fora (desinformado, deslocado).
De acordo com o especialista em Neurociência e Comportamento, Jason Pascoal, o maior desafio para os seres humanos é calibrar adequadamente o sistema de percepção da realidade. “Quando saem das redes sociais, do mundo digital, os cérebros das pessoas têm dificuldade em conviver com o ritmo “lento” da realidade. E isto, num grau mais elevado, promove a depressão”, avaliou Jason Pascoal, especialista, que é autor dos livros publicados neste projeto (Noites com Letras).
Segundo ele, na literatura atual de psicologia, há algumas evidências de que as redes sociais são mais prejudiciais do que úteis, quando se trata de saúde mental.
Autoconfiança auto-confiança
Há um estudo contemporâneo, informou, que defende que os efeitos das redes sociais estão mais relacionados ao tipo de rede e modo de uso.
De acordo com a pesquisa publica na revista PLOS One, os efeitos das redes também estariam ligados ao polo de atuação do sujeito – se promotor de conteúdo ou se consumidor passivo.
O estudo revela também que há efeitos diferentes de acordo com as redes utilizadas pelos usuários.
Por meio de questionários, os pesquisadores da Universidade de Pisa (Itália) investigaram o comportamento de 793 participantes (613 mulheres; 178 homens e 2 que não identificaram o gênero).
De acordo com esta pesquisa, usuários do Twitter e Instagram relataram efeito positivo das redes, enquanto usuários das outras redes, um efeito emocional mais negativo.
“É importante, entretanto, observar que o público é de maioria feminina, que tem uma percepção diferente da dos homens, mas ainda assim, é uma pesquisa importante para percebermos que as redes provocam efeitos diferentes”, disse Pascoal.
Por outro lado, ressalta Pascoal, as redes sociais, quando bem utilizadas, trazem efeitos positivos sobre o comportamento das crianças e jovens. “Em um estudo publicado para 9th International Conference on Theory and Application of Soft Computing, Computing with Words and Perception, ocorrido em agosto de 2017, em Budapest (Hungria), pesquisadores da Universidade da Turquia identificaram os pontos positivos para o uso da rede, e entre eles, o aprendizado em grupo, tipo de aquisição de conteúdo muito poderosa realmente”, avaliou.
Para ele, o maior desafio da atualidade é a dosagem do uso de redes sociais.
Referência: Masciantonio A, Bourguignon D, Bouchat P, Balty M, Rimé B (2021) Don’t put all social network sites in one basket: Facebook, Instagram, Twitter, TikTok, and their relations with well-being during the COVID-19 pandemic. PLOS ONE 16(3): e0248384.https://doi.org/10.1371/journal.pone.0248384
Para ajudar os pais, o Noites com Letras condensou algumas dicas de uso para as redes sociais por parte da família. Confiram:
- Sempre que possível assista junto com a criança o conteúdo digital e aproveite a ocasião para conversar com ela sobre o que foi visto, enaltecendo os pontos positivos e ponderando os negativos. Isso cria mais intimidade entre pais e filhos e possibilita aos pais melhor direcionamento para um conteúdo mais saudável;
-
Coloque limites consistentes nas horas de uso das redes sociais, bem como nos tipos de conteúdos que podem ser acessados;
- Sempre revise o tipo de conteúdo que seu filho consome nas redes sociais e reoriente, caso necessário;
- Evite a exposição a conteúdos ativos de redes sociais uma hora antes de deitar;
- Planeje momentos sem mídia juntos, como jantares em família, lanches e picnics;
- Envolva-se em atividades familiares que promovam o bem-estar, como esportes, leitura e conversas;
- Explique e sempre repita que os dispositivos digitais devem ser utilizados para alguma finalidade, como a leitura de livros, estudos, aprender sobre assuntos de interesse e conversar com amigos;
- Use sites como o Common Sense Media para ajudá-lo a decidir se filmes, programas de TV, aplicativos e videogames têm idade e conteúdo apropriados para seus filhos e seus valores familiares;
- Compartilhe as regras de mídia de sua família com os responsáveis ou avós para ajudar a garantir que as regras sejam consistentes;
- Converse com crianças e adolescentes sobre cidadania e segurança online. Isso inclui tratar os outros com respeito online, evitar cyberbullying e sexting, desconfiar de solicitações online e proteger a privacidade;
- Incentive a escola do seu filho a ensinar cidadania digital;
- Lembre-se de que sua opinião conta, portanto, faça com que sua voz seja ouvida. Informe uma estação de TV se você gosta de um programa ou entre em contato com os fabricantes de um videogame se o conteúdo for muito violento.
- Envolva outros pais, sua escola e comunidade para defender melhores programas de mídia e hábitos mais saudáveis.
Mais estudos e notícias
Alcance níveis elevados de atenção plena com simples atitudes diárias
Há um chamado urgente em meio ao caos moderno: ajudar nossas crianças a resgatar a lucidez e a conexão com o instante presente. A atenção plena não é apenas uma prática, mas uma revolução silenciosa que pode devolver às próximas gerações o equilíbrio perdido em meio à pressa e às distrações. É um retorno ao essencial, à capacidade de estar inteiro no agora, nutrindo mentes jovens com calma, foco e autocompaixão. Neste texto, mostramos como pequenos hábitos cotidianos, cultivados em família, podem fortalecer o bem-estar emocional dos seus filhos e abrir caminho para um futuro de mais equilíbrio e profundidade. O momento de agir é este, e a transformação começa em casa.
Parentabilidade reflexiva – como os pais podem ampliar o controle emocional e a resiliência dos filhos
A parentalidade reflexiva foca em entender o mundo interno do adolescente, promovendo autonomia e habilidades de vida ao manter conexão e limites claros, enquanto pais gerenciam suas próprias emoções para guiar com empatia e confiança.
O surpreendente poder dos cães no desenvolvimento cognitivo humano
Um estudo recente revelou que interagir com cães, especialmente através de brincadeiras e caminhadas, melhora significativamente o relaxamento e a concentração. A pesquisa, utilizando EEG, analisou os efeitos de oito atividades diferentes com cães sobre a atividade cerebral, observando reduções notáveis em estresse, depressão e fadiga. Este trabalho sugere que variadas interações com cães influenciam de forma única o bem-estar, abrindo caminho para terapias assistidas por animais mais eficazes. Com 30 adultos participantes, o estudo destacou como certas atividades com cães podem promover um melhor humor e redução do estresse, oferecendo insights importantes para otimizar a terapia assistida por animais.
Pesquisa revela o efeito nocivo dos jogos em celulares sobre a visão das crianças
Descubra como apenas uma hora de uso de smartphone pode transformar a saúde ocular das crianças, segundo um novo estudo australiano. Os resultados são surpreendentes – e podem fazer você repensar o tempo de tela dos pequenos.
Como aumentar a atenção e concentração em caminhadas de 40 minutos
Pesquisadores da Universidade de Utah descobriram que caminhadas em ambientes naturais melhoram significativamente a concentração cerebral, superando os benefícios do exercício sozinho. Usando EEG, o estudo mostrou que a natureza potencializa o controle executivo no cérebro. Essa pesquisa enfatiza a necessidade de integrar espaços verdes na vida urbana.
os efeitos perversos de uma baixa qualidade de sono
Através da análise de imagens cerebrais de quase 40.000 indivíduos de meia-idade, os pesquisadores descobriram uma ligação clara entre a qualidade do sono e mudanças na estrutura cerebral que sinalizam envelhecimento e risco de demência.